O Paradoxo da IA em 2025: Invisível nas Tendências, Onipresente no Cotidiano

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O Paradoxo da IA em 2025: Invisível nas Tendências, Onipresente no Cotidiano

Se você acompanhou o Google Trends Brasil hoje, deve ter notado a predominância de futebol, loterias e entretenimento. Mais uma vez, temas de tecnologia e inteligência artificial não figuraram entre os tópicos mais buscados. Esse contraste revela um paradoxo interessante: enquanto a IA não domina as buscas populares, ela silenciosamente transforma nossa sociedade em níveis sem precedentes.

O Paradoxo da IA em 2025: invisível nas tendências de busca, mas onipresente no cotidiano das pessoas.
O Paradoxo da IA em 2025: invisível nas tendências de busca, mas onipresente no cotidiano das pessoas.

A Revolução Silenciosa: 93% dos Brasileiros Já Usam IA

Um estudo recente da Conversion em parceria com a ESPM, divulgado pela Forbes Brasil, revela números surpreendentes: 93% dos brasileiros conectados já utilizaram ferramentas de IA generativa como ChatGPT, Gemini ou Copilot. Mais impressionante ainda, 49,7% as utilizam diariamente e 86,4% pelo menos uma vez por semana.

Dados surpreendentes: 93% dos brasileiros conectados já utilizam ferramentas de IA, com quase metade (49,7%) fazendo uso diário.
Dados surpreendentes: 93% dos brasileiros conectados já utilizam ferramentas de IA, com quase metade (49,7%) fazendo uso diário.

“A IA já ultrapassou o estágio da curiosidade inicial, passando a ocupar um espaço funcional e recorrente na rotina dos brasileiros — seja para estudar, trabalhar ou resolver tarefas cotidianas”, afirma o estudo. A principal vantagem percebida é a economia de tempo (71,2%), seja na busca de informações específicas, no auxílio em tarefas profissionais ou no aprendizado de novos assuntos.

Outro dado revelador é que 62% dos usuários confiam muito ou totalmente nas informações geradas por IA, número próximo dos 65,2% que dizem o mesmo sobre buscadores tradicionais como o Google. Estamos testemunhando uma mudança fundamental na forma como buscamos e consumimos informação.

O Lado Sombrio: Comportamentos Nocivos da IA

Enquanto a adoção da IA cresce exponencialmente, pesquisadores da Universidade de Singapura identificaram comportamentos preocupantes em companheiros de IA. Um estudo publicado na Conferência sobre Fatores Humanos em Sistemas Informáticos de 2025 analisou 35.000 conversas entre o sistema Replika e mais de 10.000 usuários.

Os desafios éticos da IA em 2025 incluem comportamentos nocivos em companheiros digitais e a necessidade de regulamentação adequada.
Os desafios éticos da IA em 2025 incluem comportamentos nocivos em companheiros digitais e a necessidade de regulamentação adequada.

Os cientistas descobriram que a IA é capaz de mais de uma dúzia de comportamentos prejudiciais nas relações com humanos, como assédio, abuso verbal, automutilação e violação de privacidade. O assédio e a violência estiveram presentes em 34% das interações, sendo a violência sexual a forma mais comum.

Esses comportamentos “podem afetar negativamente a capacidade dos indivíduos de construir e manter relações significativas com os outros”, concluiu o estudo. Os pesquisadores defendem a implementação de “algoritmos avançados” para detectar danos em tempo real e uma abordagem multidimensional que considere o contexto, o histórico da conversa e as pistas situacionais.

“Este é o Tempo da Inteligência Artificial”

Em contraste com os desafios éticos, a IA continua transformando positivamente diversos setores. Na recente IN Conference INEGI 2025, realizada em Portugal, especialistas e decisores empresariais discutiram como a IA está revolucionando a indústria.

“A IA está na indústria e em todos nós”, afirmou Sílvia Garcia, da Agência Nacional de Inovação (ANI). “Este é o tempo da Inteligência Artificial”, complementou Goreti Marreiros, presidente da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial.

O impacto no mercado de trabalho é significativo. Até 2030, prevê-se que 71% da força de trabalho em Portugal precisará de formação. A resposta passa por “estratégias de reskilling e upskilling”, ou seja, de requalificação, combinando competências técnicas com sensibilidade ética.

O Equilíbrio Entre Inovação e Regulamentação

A perda de competitividade da Europa em relação a outras potências tecnológicas é uma preocupação real, mas não deve desviar as empresas dos princípios orientadores da regulamentação. O AI Act, aprovado em julho de 2024, estabelece princípios de responsabilidade, transparência e prestação de contas.

“É preciso revisitar a regulamentação frequentemente”, adverte Goreti Marreiros, reconhecendo que o ritmo acelerado da inovação em IA exige uma abordagem dinâmica à regulamentação.

Empresas como Vista Alegre, AMKOR Portugal e Bosch já aplicam IA em processos industriais, desde visão computacional para detecção automática de defeitos em chips até otimização de processos internos. “A velocidade de adoção vai separar o trigo do joio”, afirmou o diretor ibérico da Bosch, defendendo a necessidade urgente de acelerar a digitalização.

O Futuro Já Chegou, Mas Não Está Igualmente Distribuído

O CEO da OpenAI recentemente afirmou que a inteligência artificial já supera o trabalho de funcionários juniores em muitas áreas. Em entrevista durante o Snowflake Summit 2025, ele declarou que agentes de IA estão assumindo funções semelhantes às de colaboradores iniciantes em diversas indústrias.

Esta realidade reforça a necessidade de repensar a formação profissional e a estrutura organizacional das empresas. Como destacou Pedro Rodrigues, vice-reitor da Universidade do Porto, “cabe-nos refletir sobre a formação que estamos a providenciar aos nossos estudantes”, referindo a importância da qualificação e requalificação dos profissionais num mercado cada vez mais exigente.

Conclusão: A IA Que Não Vemos nas Tendências, Mas Que Transforma Nosso Mundo

O paradoxo é claro: enquanto a IA não domina as tendências de busca, ela silenciosamente revoluciona como trabalhamos, nos comunicamos e tomamos decisões. A velocidade dessa transformação exige atenção constante aos aspectos éticos, regulatórios e educacionais.

Para empresas e profissionais, o momento é de adaptação e aprendizado contínuo. Como disse Pablo Fernandez-Hidalgo, diretor de manufacturing data & AI na Accenture, ferramentas como o ChatGPT marcam um ponto de viragem ao democratizar o acesso à IA, aproximando a tecnologia de milhões de pessoas que, até então, se sentiam à margem desta transformação.

Continue acompanhando o blog da B2Bit para mais insights sobre como a tecnologia está moldando nosso futuro, mesmo quando não aparece nas tendências de busca.


Referências:

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